1dica: 🎬 “Perfect Days” um filme lindo sobre a simplista vida

Eu ainda não entendi porque demorei tanto para assistir este filme, é um filme maravilhoso, com uma atuação impecável de Kôji Yakusho e o brilhante Win Wenders na direção. A simplicidade faz o filme ser belo e necessário nos dias de hoje.

Wim Wenders, um dos mestres do Novo Cinema Alemão, nos entrega uma obra de rara beleza e sensibilidade, num filme que é uma meditação poética sobre a vida, a felicidade e a beleza encontrada na rotina e nas pequenas coisas. Com uma estrutura aparentemente simples e minimalista, Wenders nos convida a observar e a apreciar o cotidiano de Hirayama (Koji Yakusho), um zelador de banheiros públicos em Tóquio. Longe de ser um drama de grandes reviravoltas, a narrativa é construída em torno da repetição e das sutilezas, em que cada dia de Hirayama é uma variação do anterior, mas nunca idêntico, revelando a filosofia de que a perfeição não está na ausência de problemas, mas na capacidade de encontrar significado e contentamento em cada momento presente.

O filme se inicia com a rotina meticulosa do protagonista: acordar, regar suas plantas, colocar o uniforme, tomar o café e dirigir para o trabalho. Esse ritual, que poderia ser monótono, é transformado por Wenders em uma dança de gestos calculados e significativos. Hirayama limpa os banheiros com uma dedicação quase espiritual, como se sua tarefa fosse uma forma de arte. Ele é um homem de poucas palavras, mas de grande profundidade e o filme nos permite entrar em seu mundo interno através de seus hobbies e paixões: a fotografia de árvores e a audição de fitas cassetes de rock e folk dos anos 60 e 70. O que poderia ser apenas a história de um homem solitário se torna uma celebração da vida simples. O filme também aborda, de forma sutil, o passado de Hirayama e o contraste entre sua vida atual e sua origem abastada, sugerindo que sua escolha de viver de forma simples foi deliberada e consciente.

A atuação de Koji Yakusho como Hirayama é o coração e an alma de “Perfect Days”. Vencedor do prêmio de Melhor Ator no Festival de Cannes, Yakusho entrega uma performance magistral que dispensa diálogos extensos para comunicar as emoções e a complexidade de seu personagem. Sua interpretação é uma lição de economia e expressividade, com um sorriso sutil, um olhar melancólico ou um gesto delicado, ele transmite um universo de sentimentos, personificando a serenidade e a resignação de Hirayama, fazendo com que o espectador se sinta íntimo de sua jornada interna, mesmo com a barreira do silêncio.

Hirayama não é um personagem trágico; ele é um homem que fez uma escolha e encontra felicidade genuína nela. Yakusho captura essa essência com uma autenticidade impressionante. Suas interações com os personagens secundários — o jovem colega de trabalho, a sobrinha que o visita e o dono da lojinha de música — são carregadas de ternura e profundidade. A cena final, com Hirayama dirigindo enquanto passa por uma montanha-russa de emoções, é um dos momentos mais poderosos do filme e é inteiramente sustentada pela expressividade e sensibilidade de Yakusho. Sua performance eleva o filme de uma simples observação a uma experiência profundamente humana.

1trailer: série “Hotel Costiera” (Prime Vídeo)

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