
Neste conto, vamos acompanhar a dor e a tristeza de Gael, após a morte prematura de seus pais e a reclusão em um mundo sem perspectiva.
O retorno da praia, num final de semana normal não poderia ter terminado de forma pior, pensavam alguns, afinal apenas Gael havia sobrevivido no terrível acidente que tirava a vida de seus pais e mais quatro pessoas em outros dois carros. O motorista do caminho, causador do acidente, também havia sobrevivido e com poucos arranhões, apesar de não estar bêbado, foi o causador do acidente por ter dormido ao volante.
Gael, mesmo sabendo que o motorista do caminhão foi o causador do acidente, se sentia culpado por chamar a atenção dos seus pais várias vezes na rodovia, pois sempre queria mostrar algo no celular ou no tablet. Ele estava triste e essa tristeza se transformava em dor, não dor física, mas somente emocional. A tristeza erguia obstáculos diariamente e ele não conseguir transpor, pois cada tentativa o consumia a ponto dele ficar exaurido.
E ele sentia dor. Uma dor pulsante que crescia em seu interior e cada vez mais o sufocava. Sentia a dor da perda o arranhar, deixando marcas não expostas.

Dor, tristeza e desespero, sentimentos complexos e abafados mesmo numa cidade como São.
(imagem gerada por IA)
Mesmo sendo bonito, ainda com vinte anos, uma situação financeira estável e um emprego que lhe proporcionava semanas em casa, sem contato humano, Gael sentia que em nenhum momento isso mudaria, a dor e a tristeza dele seriam eternas. Sem buscar ajuda ou amigos que se importavam com ele, Gael fez o que imaginava que seria o melhor para ele: suicidou-se.
Não houve comoção, não houve questionamentos pois ninguém conhecia Gael, poucos tiveram contato com ele. Gael era mais um invisível na grande São Paulo, sem estrutura e sem futuro.


