Conto: “Minha Solidão é Maior do que o Mundo”


Alberto, um homem de 35 anos, nascido no interior de Santa Catarina, estudou e se formou na pequena Forquilhinha, próxima a Criciúma, e decidiu ir para o mundo, seu principal objetivo: a grande São Paulo. Mesmo obstinado a seguir seus objetivos e sonhos, Alberto logo descobriu como São Paulo e seus habitantes poderiam ser tão frios e passionais. 
A casa que herdara em Forquilhinha não comprava um apartamento em São Paulo e ele teve que se contentar com um pequeno apartamento, pagando aluguel, mas com a comodidade de morar próximo de boas opções de deslocamento e segurança. Não era o ideal mas era o que seu dinheiro poderia pagar até conseguir um emprego. Logo, morando em um pequeno apartamento no coração da cidade, se sentiu cercado por uma solidão que parecia se estender além dos limites do mundo conhecido. Sem amigos próximos e sem parentes vivos.

Cada dia era uma jornada solitária e melancólica para Alberto, cujos passos ecoavam nos corredores vazios de sua existência. As paredes de seu apartamento se tornaram testemunhas silenciosas de suas angústias e anseios, refletindo o vazio que preenchia seu coração solitário. A solidão de Alberto era como uma sombra que o seguia aonde quer que fosse, envolvendo-o em um manto de tristeza e desamparo. As ruas movimentadas da cidade pareciam distantes e estranhas, enquanto ele se afundava em um mar de pensamentos e memórias que o atormentavam dia e noite.
A concorrência por uma vaga de trabalho e os esforços despendidos diariamente só confirmaram o que ele sempre ouvia: a vida em São Paulo era feroz, assim como a cidade pulsava também expulsava muita gente. O desafio de sobreviver ia muito além de querer morar na cidade. O tão esperado consolo, era cada vez mais difícil e Alberto encontrava algum conforto nas melodias suaves de sua coleção de discos de vinil. A música se tornou sua companheira silenciosa, preenchendo o vazio de sua solidão com beleza e poesia. 

Em meio à escuridão de sua existência solitária, uma luz inesperada surgiu no horizonte de Alberto. 

Conheceu Maria, uma jovem artista de alma livre e sorriso luminoso, cuja presença trouxe um novo significado à vida outrora vazia e monótona de Alberto. Por meio de sua amizade improvável, Alberto descobriu que a solidão não era uma sentença permanente, mas sim um convite para explorar os recantos mais profundos de sua alma e encontrar a conexão que tanto ansiava. Maria o ensinou a abrir seu coração para a beleza do mundo e a compartilhar suas dores e alegrias com alguém que verdadeiramente o compreendia. Ele percebeu que a solidão não precisava ser um fardo insuportável, mas sim uma jornada de autodescoberta e crescimento. Juntos, eles navegaram pelas águas turbulentas da vida, enfrentando desafios e celebrando conquistas, unidos pelo laço indissolúvel da amizade e da compaixão. 

Em pouco tempo, Alberto começou a ver a sua vida por outro ângulo, decidiu parar de reclamar, a priorizar objetivos, dando um passo de cada vez, e tendo um propósito na vida, logo estava empregado e reconectado com pessoas na fria São Paulo. Esse período de solidão tornou-se um testemunho da resiliência do espírito humano e da capacidade de cura que reside no poder do amor e da empatia.

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